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domingo, 12 de agosto de 2018

Coreia do Sul: o voo do tigre

O sul-coreano é antes de tudo um forte. Baseada na frase de Euclides da Cunha, originalmente sobre os sertanejos, a afirmação aplica-se a um povo que foi obrigado a ser reerguer por várias vezes, e hoje desponta como uma das maiores potências mundiais. A Coreia do Sul é a nação mais forte entre os tigres asiáticos. Líder em inovação, o país é o segundo maior produtor de chips do mundo e o quarto maior fabricante de aço.

Em 15 dias de viagem, conhecemos uma nação bem preparada para o turismo. Vamos aos comes primeiro?

No mercado municipal de Seul, a capital do país, as barracas de comida vendem frutos do mar a preço baixo, mas não se engane quanto a ser saudável, porque é tudo frito. O prato mais pedido é uma panqueca feita com massa de feijão branco com legumes e carne de porco, frita com muito óleo na chapa e servida com molho de cebola, shoyu e pimenta.

Nos restaurantes, as pimentas estão em todos os pratos, assim como legumes e o arroz branco sem tempero, no estilo japonês.

E tem churrasco! Mas é bem diferente. Não se usa faca nas refeições, por isso a carne já vem em tiras e é frita na mesa em uma grelha ou chapa.

Emfim, bem alimentado, você já pode se preparar para caminhar nos bairros históricos e conhecer os diversos palácios espalhados pela cidade. O maior deles fica no centro de Seul, em um terreno de 43 mil metros quadrados. O local é também uma reserva natural com 160 espécies de árvores. A pouco mais de uma hora de Seul está a fronteira com a Coreia do Norte.

Com mais de um mês de antecedência, a reportagem agendou uma visita à zona desmilitarizada, porém, na véspera, toda agenda com a imprensa foi cancelada. O exército sul-coreano deu início a um treinamento militar de emergência, depois do disparo de mais um míssil do vizinho em direção ao Mar do Leste, no Japão.

Para os sul-coreanos, a divisão das duas Coreias não tem motivo para continuar. Eles não cultivam ódio pelo povo norte-coreano, pois muitos têm parentes que estão lá e, por causa da Guerra da Coreia, em 1950, nunca conseguiram retornar. E mais: a população ainda espera que um dia a península coreana volte a ser um único país.

Juliano Dip/Band

Seul – Com estrutura, riqueza da capital está nos palácios e na culinária

  • Maior palácio de Seul é reserva natural, com mais de 160 espécies de árvores

  • Frituras são comuns na culinária do país

  • Há diversos palácios espalhados por Seul

Tensão

A tensão entre a Coreia do Sul e do Norte tem escalado. Os testes de mísseis da Coreia do Norte fez com que o pais recebesse ameaças de retaliação por parte dos Estados Unidos. A Coreia do Sul também se pronunciou, afirmando que irá defender os EUA e retaliar Pyongyang no caso de um ataque norte-coreano.

Damas de conforto

No último dia de nossa viagem, visitamos dez senhoras com mais de 80 anos que fazem parte de um ONG dedicada aos cuidados das vítimas de exploração sexual durante a Segunda Guerra, quando receberam o nome de damas de conforto.

Nesse período, cerca de 100 mil sul-coreanas e mais de 100 mil mulheres de outros países como China, Indonésia, Filipinas e Taiwan foram levadas à força para a base militares japonesas. Com 15 anos de idade elas viviam em cárcere privado e eram obrigadas a se deitar com cerca de trinta soldados por dia. Quando a guerra acabou, em 1945, elas foram abandonadas.

Muitas só voltaram para a Coreia do Sul depois dos anos 2000, graças a trabalhos de resgate de ONGs.

Conversamos com a mais velha delas, uma mulher de 92 anos que só voltou para o país no ano 200 e se deparou com sua certidão de óbito. Os pais, que desde os seus 15 anos nunca mais a viram, morreram pensando que ela fora assassinada pelo exército japonês.

Em 2015, o governo nipônico pagou uma multa de 26 milhões de reais de indenização para Coreia do Sul encerrar o assunto. Mas as vítimas não aceitam o acordo e seguem exigindo uma retratação oficial e pública.

Fonte: Metro Jornal, página 08 de 5 de janeiro de 2018.

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