AdsTerra

banner

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

"BENDITAS RESERVAS CAMBIAIS"!

(Claudio Adilson Gonçales - Estado de S.Paulo, 13) 1. As reservas cambiais brasileiras (US$379 bilhões, julho/18) têm sido o objeto de cobiça de alguns economistas e de muitos políticos. As principais críticas são de que o valor é exagerado, com enorme custo de carregamento, e que, se parte delas fosse aplicada em investimentos, o resultado seria a redução dos encargos financeiros da dívida e maior crescimento econômico. Alguns, menos afoitos, propõem o uso de parte dessas reservas para reduzir o estoque de dívida pública. Essa alternativa, menos lesiva do que a primeira, também apresenta problemas.
2. Comecemos com o tão falado custo de carregamento. Como se sabe, quando o Banco Central (BC) compra dólares ou outras divisas, ele liquida a operação em reais, aumentando a oferta de moeda. Essa liquidez adicional tem de ser enxugada pela venda no mercado doméstico de títulos públicos, cuja taxa de juro é bem superior à que será obtida pela aplicação, no exterior, das reservas. É com base nessa diferença de taxas que se estima, de forma grosseira, o custo de carregamento das reservas. Há alguns problemas sérios com esses cálculos. Vejamos.
3. O mais óbvio é de que o juro incidente sobre os recursos captados em contrapartida à acumulação de reservas é em reais, enquanto as reservas pagam o rendimento em dólar, mais a variação cambial. Se tomarmos o período 2009 a 2017, para o qual o BC disponibiliza dados comparáveis, veremos que o custo de captação dos reais que financiaram as reservas foi de R$ 689 bilhões. O erro é não deduzir, desse valor, o resultado em reais decorrente das variações (para baixo e para cima) da taxa de câmbio e os ganhos obtidos com as aplicações das divisas no exterior. Segundo a série do BC, esse resultado, no mesmo período, foi positivo em R$ 497 bilhões. Assim, o tão falado custo de carregamento das reservas, no período, foi de R$ 689 bilhões – R$ 497 bilhões = R$ 192 bilhões. É um valor relevante? Sim, mas muito menor do que se apregoa. Observe-se que esse custo se refere a um período de 9 anos, e corresponde aproximadamente a 0,3% do PIB, ao ano.
4. Até agora falamos apenas em custo (0,3% do PIB, ao ano). No entanto, apesar de ser difícil quantificar, há um enorme benefício decorrente da acumulação de reservas, qual seja, a redução do risco da dívida soberana, hoje em torno de 2% ao ano. Se levarmos em conta a precária situação fiscal do País, o baixo crescimento, as frequentes crises políticas e, atualmente, as incertezas eleitorais, é pertinente supor que tal risco seria muito mais alto, não fosse a sólida posição líquida em moeda forte do Brasil (a dívida pública em moeda estrangeira é de apenas US$ 70 bilhões). Como se sabe, o risco soberano incorpora-se à taxa de juro de equilíbrio que incide sobre todo o estoque da dívida pública mobiliária federal, hoje em quase R$ 5 trilhões.
5. Há muitas outras repercussões macroeconômicas decorrentes de vendas expressivas de reservas cambiais, cuja análise vai além do escopo desse artigo. Basta citar a provável valorização (não sustentável) do real, aumento da volatilidade cambial, efeitos sobre as exportações e importações, entre outros.
6. A proposta de utilizar os reais obtidos pela venda das reservas na capitalização do BNDES, para que o mesmo aumente o crédito direcionado subsidiado, mais do que equivocada, soa assustadora. Basta olhar o resultado que o incremento desse tipo de crédito causou ao País nos governos Lula/Dilma.
7. E vender reservas para reduzir a dívida bruta? Se a análise sobre as consequências da queda da liquidez do setor público em moeda forte exposta anteriormente estiver minimamente correta, é improvável que haveria qualquer ganho macroeconômico para o País. Então, fazer para quê?
8. Pelo bem do Brasil, deixem as benditas reservas cambiais em paz e foquem no ajuste fiscal, senhores candidatos.


Ex-Blog do Cesar Maia


Petrobras anuncia alta de 1,28% no preço da gasolina, 2º aumento seguido
Petrobras anuncia alta de 1,28% no preço da gasolina, 2º aumento seguido
Na véspera, petroleira elevou em 0,89% o preço do combustível.A Petrobras anunciou nesta terça-feira (15) o aumento de 1,28% ...
Leia mais

Devo comprar ou alugar um imóvel? Descubra qual das opções é mais vantajosa
Devo comprar ou alugar um imóvel? Descubra qual das opções é mais vantajosa
Lembre-se: o dinheiro utilizado para pagar o aluguel não tem nenhum retorno financeiro; por outro lado, nem sempre um imóvel será valorizado e gerará ...
Leia mais

Na compra de um produto, consumidor acaba levando um seguro sem saber
Reclamações aumentaram. Lojas podem oferecer seguro, mas têm que explicar para o consumidor. Nem sempre isso acontece e muitos só percebem a cobrança ...
Leia mais

Confira quanto você vai receber na distribuição dos lucros do FGTS
Trabalhador consegue extrato do fundo no site da Caixa, veja passo a passo O governo anunciou nesta terça-feira (14) que irá distribuir ...
Leia mais

Primeira parcela do décimo terceiro de aposentados será depositada neste mês
Pensionistas também estão entre as 30 milhões de pessoas que serão beneficiadas pela antecipação da primeira parcela do abono anual; ...
Leia mais

Oi tem prejuízo líquido R$ 1,2 bi no 2º trimestre
Resultado foi 70,4% menor do que os R$ 4,162 bilhões referente ao mesmo período do ano passado A
Leia mais

Setor de serviços sobe 6,6% em junho e tem maior alta desde 2011
Em relação a junho de 2017, o volume de serviços avançou 0,9%, segunda taxa positiva do ano nessa comparação, de acordo com o IBGE RIO ...
Leia mais

Normas para produção e comercialização da água chegam às prateleiras
Leis visam garantir a potabilidade da água mineral e o controle fiscal Rio - Ocupando a terceiro lugar no país como maior produtor ...
Leia mais

Nenhum comentário:

Postar um comentário